Depoimento de Um Neurótico em Recuperação – Ação e Reação

Se nós temos defeitos de caráter, significa que a nossa doença está em nosso comportamento, ou seja, no nosso modo de agir e de reagir.
Como é que eu reajo com o que me acontece? O comportamento humano é basicamente agir e reagir. Agora, se a minha doença é a neurose, é egoísmo e egocentrismo, é claro que eu queria que tudo ocorresse como eu quero e de uma maneira que seja melhor para mim. Isso é EGOCENTRISMO.
Na prática do programa, existem várias sugestões e uma delas é a prática da entrega da minha vontade e da minha vida aos cuidados do Poder Superior (ou Deus, como cada um queira concebê-lo).
Isso implica em ver a realidade que me cerca e ver o que é que esse Poder Superior quer de mim nas 24 horas do dia e tentar reagir aos fatos não de maneira egocêntrica mas sim, de acordo com a vontade do Poder Superior e assumir o compromisso de fazer aquilo que me cabe para que isso ocorra. A vida em unidade, principalmente dentro da nossa irmandade, não é nada fácil, pois cada um pensa e vê as coisas de uma maneira. É preciso ter unidade com as pessoas que estão vivendo ao meu lado e unidade com as pessoas que estão longe, temos que viver em sintonia, pois estamos dentro de um mesmo barco. Viver e deixar viver é, viver ao lado ou distante, dando plenas condições da pessoa ser ela mesma, sem querer começar a dirigir o outro, querendo fazer com que o outro se comporte da melhor maneira para mim. Para isto existe em nossas Tradições a Unidade e a Autonomia que são a base para se respeitar o próximo. Eu só consigo entender a realidade que me cerca quando eu consigo desligar-me do egocentrismo.
A necessidade de viver de acordo com o que eu acho agradável é que é a minha doença e para deixar de viver a minha doença é que preciso viver de acordo com os princípios desta Irmandade.
O que dizemos em nossos depoimentos representa opinião pessoal e não, necessariamente, a opinião de Neuróticos Anônimos. Para que possamos manter-nos dentro do espírito do programa, evitamos doutrinar, prescrever soluções, psicanalisar companheiros ou outras pessoas ou generalizar. A forma mais eficaz de transmitir a mensagem de N/A é a que fazemos através do relato de nossas experiências pessoais de recuperação. Portanto não cabe ao Coordenador ou outro participante analisar ou comentar qualquer depoimento.