/Gal em outros navios//

Há de surgir uma estrela no céu cada vez que ocê sorrir. Há de apagar, uma estrela no céu cada vez que ocê chorar. Gal Costa se foi como estrela de Clarice nesta manhã cinzenta de novembro.

Gilberto Gil também cantou na linda canção ‘’Estrela’’: O contrário também bem que pode acontecer, de uma estrela brilhar quando a lágrima cair. Ou então de uma estrela cadente se jogar, só pra ver a flor do seu sorriso se abrir.

Nunca assisti a um show ao vivo da Gal, mas já revi muitos shows na TV, e a presença forte, linda, feminina e potente da Gal Costa, é algo maravilhoso de ser presenciado. Ao vivo então, devia ser magistral sentir a vibração daquele corpo etéreo de sua voz preenchendo o espaço dos palcos dos teatros!

Um ícone da nossa tropicália bicho-grilo, um movimento criativo e bombástico, que foi fundamental para repaginar a MPB que vinha sendo escrita desde os tempos do samba de Cartola e Noel, como Caetano Veloso e Tom Zé, a carreira pós a geleia-geral do álbum ‘’Tropicália ou Panis et Circenses’’ lançado no inverno de 1968, trouxe novos ares a nossa música tupiniquim, repaginou e trouxe novas possibilidades sonoras.

Assim como Caetano Velosos, Gilberto Gil e Tom Zé, Gal Costa teve uma carreira explosiva, com muitos sucessos, que, além de encantar nossos ouvidos e almas nos palcos onde apresentava, com sua forte potência soprano.

Gal será para sempre uma das vozes brasileira de maior intensidade.

Vapor Barato é para mim um ícone do repertório da cantora baiana, e é com ele que me despeço da cantora, em forma de prece:

Vou descendo por todas as ruas
E vou tomar aquele velho navio
Eu não preciso de muito dinheiro
Graças a Deus
E não me importa, honey.
E lá se foi Gal, tomar outros navios.