O que ouço na reunião

Após uma reunião, durante a semana, eu gosto de fazer um estudo do tema e uma reflexão pessoal sobre o que ouvi. A fala de uma pessoa, que disse que apesar de todo sofrimento da vida, ela percebeu que não foi o que ela passou, mas a sua postura diante dos obstáculos que fizeram diferença, serviu para me alertar e buscar o equilíbrio. Entendi porque o psiquiatra me indicou esse grupo, dado que ele sempre pede que eu fale de mim e eu não consigo. Eu acredito que preciso ouvir mais para aprender, não ser faladeira, mas também não me isolar. Com certeza farei diariamente a Oração da Serenidade. A fala de duas pessoas sobre a responsabilidade dos pais foi muito importante para mim, pois me fizeram compreender que o fato de ter ou não os pais próximos não livra ninguém dos problemas e conflitos na vida. Senti-me carrasco de mim mesma, pois eu que tenho os pais ainda vivos, mas separados e distantes, e não fui criada por eles, sempre me senti a culpada de tudo. Falamos sobre reparar danos causados através do perdão. Uma pessoa presente falou: é muito mais fácil perdoar do que pedir perdão. Mas tenho agora a ajuda desse grupo para “me enxergar”. E dias após a reunião, pensando e estudando o 8º passo, percebo a importância de pedir perdão. Reconheço que tenho que pedir perdão através de

Deus a todos os seres vivos e pessoas que hostilizei. Alguns já nem tenho contato, outros nem perceberam o que eu fiz. Como eu me senti hostilizada por preconceitos diversos, quando me casei, criei uma redoma em torno de minha família, devolvendo e reproduzindo toda hostilidade que recebi. Sempre empenhada nas ações de ordem prática, além de não dar atenção às pessoas, não dei atenção devida à natureza como plantas e animais, que estiveram comigo em minha caminhada. Mas, como uma pessoa disse na reunião, acredito que mesmo para aqueles que meu pedido de perdão não alcance, Deus ouvirá por eles. Pedir perdão é reconhecer a própria falha, e não a cometer novamente. Assim eu acredito que vou me tornando uma pessoa melhor e feliz. Hoje a coordenadora resumiu a essência da 8º tradição em uma frase: devemos dar de graça o que recebemos de graça. Para mim esse é um grande ato de fraternidade, me senti acolhida nesse momento. Eu nunca pensei em suicídio, mas confesso que não pude evitar o desejo que a minha hora chegasse logo para sair desse mundo materialista. Felizmente estou nesse grupo que doa a palavra e os ouvidos, com fraternidade e caridade, é uma troca abençoada que cai como um bálsamo para os sentimentos dolorosos da alma. Anônima de Jacareí.

Observação: O que dizemos em nossos depoimentos representa opinião pessoal e não, necessariamente, a opinião de Neuróticos Anônimos. Para podermos manter-nos no espírito do Programa, evitamos doutrinar, prescrever soluções, psicanalisar companheiros ou outras pessoas, ou generalizar. A forma mais eficaz de transmitir a mensagem de N/A é a que fazemos através do relato de nossas experiências pessoais de recuperação. Portanto, não cabe ao coordenador ou outro participante analisar, ou comentar qualquer depoimento.

Vinte quatro horas de Paz e Serenidade.
Endereços: Salão da Igreja Matriz, às segundas-feiras, às 19h30, terapia e quartas-feiras, 20h, reunião de estudo.
Também temos reuniões online.
Outras informações: www.neuroticosanonimos.org.br.