Crônica Paulista

São Paulo não é para todo mundo. Aquele vai e vem de pessoas, aquela fresca de modernidade constante, muita informação em muito pouco tempo, seriam necessárias semanas para curtir tudo o que a Paulicéia Desvairada pode oferecer.

Fui me refastelar de um pouco de arte, esvasiar a cabeça do caos cotidiano e deixar que a arte me leve! Nas obras do meu querido Wassily Kandinski, que já declarei minha admiração em outras crônicas, seus traços e cores não retratam nada mais do que a pura beleza que a arte tem. Como o amor, a arte não tem razão senão a beleza que ela transmite.

Já nas obras de Joan Miró no Instituto Tomie Ohtake, um prédio que já é arte por si só, me deu a impressão que para pintar um quadro, não precisamos ser todos Leonardo Da Vinci ou Botticceli, mas sim expressar o belo que sentimos ao observarmos as coisas. Ao ver as obras de Miró,tive um novo olhar inclusive para a palavra, que pode ser tudo e ao mesmo tempo nada, como a Poesia Concreta dos anos 50.

Para terminar este passeio, me embrenhei nas ondas sonoras de Bethoveen, John Adams e algumas peças mais, no desbunde arquitetônico Sala São Paulo. Até agora, não tenho palavras para descrever o que senti, tamanha foi a emoção de poder estar em um ambiente tão emocionante. Pensando bem, até que não foi tão difícil assim descrever…

Enquanto escrevo esta crônica, observo pela minha janela, um ipê amarelo ao fundo de algumas casas, me lembrando a quantidade deles que vi ao passar pelas turbulentas ruas de São Paulo.

Em meio a tanto cinza, um pouco de Kandinski nas alamedas de São Paulo: Ipês amarelos!

Enquanto aqui eles enfeitam nossos verdes tornando mais linda a cidade, lá eles pontuam o cinza das fumaças, do stress e da correria.

Apesar de toda a modernidade e cultura, São Paulo para mim já não é mais uma cidade para se viver, e sim, uma cidade para ser descoberta em pequenas doses, afinal, tudo que se conhece por demais, perde seu encanto.

Retornarei para me apaixonar novamente.