FILIAÇÃO PSICOLÓGICA DOS TIPOS HUMANOS

Ao perscrutar por entre os tantos meandros da psicologia humana, encontramo-nos em presença de um fato que a Logosofia já tem como comprovado: a existência de tipos psicológicos que obedecem a uma conformação similar, cujas fisionomias, gostos, tendências, qualidades ou defeitos são, salvo pequeníssimas diferenças, quase que exatamente iguais. Trata-se de um fato observável até em crianças, podendo-se predizer, sem temor a nenhum equívoco, que, quando grandes, elas haverão de reproduzir com bastante fidelidade a vida de pessoas cuja filiação psicológica pareceria estar calcada nelas. Essa observação, confirmada em muitíssimos casos, mostra com inegável evidência que existem configurações psíquicas que respondem invariavelmente a uma determinada tipologia, dentro da qual os indivíduos se assemelham entre si como se pertencessem a uma mesma série psicológica.

Nos estudos efetuados, confirma-se que não só se encontram tipos de parecença quase perfeita entre os membros de uma mesma família, senão também, e são muitos os casos, entre pessoas sem vinculação alguma, e ainda entre famílias procedentes de distintos países.

 

Não obstante, é ressaltar o óbvio se dizemos que os parecidos entre si, que constituem a série psicológica a que nos referimos, só se mantêm enquanto perduram as disposições que lhes são comuns, mas, tão logo um deles evolui, buscando para si uma superação, os traços psicológicos coincidentes vão-se diferenciando, até o ponto de se tornarem
totalmente estranhos uns aos outros. Esta particularidade que acabamos de mencionar não deixa de ser de suma importância, pois adverte que as características psicológicas típicas podem ser melhoradas até que nelas se produzam mudanças substanciais. Muito mais ainda se uma dessas características coincide com a que certos animais apresentam, a menos que os que tenham tais semelhanças se sintam cômodos e até contentes com elas. Nesse caso, como é comum, continuarão a ser chamados de raposas, lobos, tigres, porcos, gatos, etc.

Se corremos os olhos pelo mundo e observamos o drama que a humanidade vive hoje, será fácil avaliar quão estéreis sempre foram os velhos moldes em que se calcaram as sementes que hoje são imoladas na gigantesca pira que arde quase que de um extremo ao outro do orbe. E, pensando nisso, caberia perguntar se, ante o fracasso de tanta energia gasta em prol de metas inalcançáveis, não seria o caso de criar uma tipologia superior que satisfizesse com folga às exigências de um mundo mais bem constituído, cuja existência respondesse aos altos desígnios para os quais o homem foi criado.

Porém, essa nova série de tipos psicológicos deverá ser criada, como dissemos, obedecendo às necessidades do futuro, que haverá de demandar verdadeiros esforços conscientes de superação, a fim de que a humanidade não volte a cair no tenebroso abismo das paixões que tanto fazem o gênero humano retroceder.

 

É necessário prodigalizar a todos, e à juventude em particular, uma nova instrução, muito superior à comum; instrução que deverá cobrir a extensão de quase toda a vida, já que o aperfeiçoamento humano não é obra de uns poucos anos. O conhecimento de certas leis universais permitirá ao homem experimentar a magnitude de suas prerrogativas, cujo valor é incalculável, e fará com que sinta, ao mesmo tempo, sua enorme responsabilidade diante dos problemas de sua existência e do mundo.

 

Consideramos que a série de tipos psicológicos que surgir das cinzas desta hecatombe terá de manifestar características de uma espécie muito diferente das anteriores. Só assim o sacrifício não terá sido estéril ou em vão.

O estudo, o afã de superação, a compreensão clara das necessidades que a evolução dos povos reclama, deverão ser os sinais evidentes a nos denunciar o início de uma nova era de verdadeira reconstrução do estado humano, mas a isso terá de somar-se o cultivo incessante das faculdades que cada um possua e o enriquecimento do saber pela conquista do conhecimento em seus mais altos alcances e conteúdos.

Carlos Bernardo González Pecotche  Coletânea Da Revista Logosofia Tomo I
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