/O último provocador//

Esta crônica estava perdida na gaveta da memória, deste cronista esquecido. Perdão a parte, foi digitada em 15/02/2022, data da morte do provocador homenageado.

Neste quinze de fevereiro morreu um homem de opinião, alguém que se dedicou a provocação e colecionou polêmicas. Arnaldo Jabor faleceu devido ao Coronavírus, a doença arrasa quarteirão que vem nos deixado de cabelos em pé e amedrontados. Aos 81 anos, o cineasta que dedicou a uma carreira rodriguiana nos jornais, foi o último grande colunista capaz de dizer o que achava, mantendo inteligência e contundência, com equilíbrio e erudição.

Em 11 de abril de 2017 teve sua última coluna publicada no Estado de São Paulo, onde se despedia de maneira elegante, a uma atividade onde não se conseguia mais ter espaço. Era o mundo começando a se configuração de se tornar um espaço onde a opinião é o julgamento e vice-versa.

Jabor amava (e odiava) Nelson Rodrigues, um homem polêmico e contundente quanto a sua visão de mundo, e por conta disso, interessantíssimo.

Seu olhar transmitia uma desconfiança constante a tudo o que via. Por outro lado, Jabor era poético quanto a sua valorização das coisas simples da vida.

O que me comove nos provocadores que persigo, é a inquietação que tem diante da vida.

Há uma inteligência em observação do seu entorno que nos possibilita novas leituras do entorno.

Nem sempre o que lemos, ouvimos e assistimos é de nosso agrado, e por isso mesmo é que temos de nos aventurar em consumir o outro lado, para entender, e não dizer o que não se conhece.

O jornalista, diretor, provocador, e não é leviano dizer o intelectual Arnaldo Jabor, deixa um legado de que a crítica social ainda é possível de existir, e necessária, seja ela dentro de um jornal ou diante das telas da TV ou do computador.