SALOMÉ

Salomé

Boa noite, senhoras e senhores
que rufem os tambores
aqui é só alegria
saiam da rotina

Menina e dançarina
Salomé
a rainha desse cabaré
por favor,
todos em pé

Ela pode te olhar
um rebolado afinado
um decote de matar
e um beijo bem molhado

Salomé é tentação
moça quente e travessura
ela toca sua alma
a fogosa gostosura

Entre plumas e paetês
ela faz malabarismo
mexidinhas pra vocês
sua boca tem sorriso

A mulher virou de costas
sutiã ficou nos pés
ela sabe o que tu gostas
essa é a Salomé

Aquela noite estava quente
e a platéia delirava
um estranho forasteiro
fixamente à ela olhava

Jeremias era o nome
do homem sem paradeiro
ele, antes, um matador
era, agora, seu prisioneiro

Lhe pagou muita bebida
embreagou no seu sorriso
ele, cabra-macho nordestino,
por ela estava perdido

Dançaram juntos na multidão
e amaram-se na escuridão
Salomé, a dançarina
rebolava como menina

O dia amanheceu
e o matador acordou
Salomé abriu os olhos
e um grito escapou

Me discurpa, minha amada
muié boa e tão bandida
vim de longe pra essas bandas
pra colhê a tua vida

Alguém da cidade
bom dinheiro me deu
pra acabá com a muié
que traiu o nome seu

Salomé, atordoada,
lembrou-se da situação
traiu com novo menino
o Coronel de São João

Jeremias atirou
impiedoso, assegurou
estava morta Salomé
na cama rosa do cabaré

Essa é história de uma deusa
da vida noturna, soturna
aplaudam meninos e meninas
porque a vida continua

 

Carol Ortiz – acessem a página https://www.escritas.org/pt/n/l/carol-ortiz para mais poesias e o youtube https://www.youtube.com/channel/UCOj_DssoWp0_1HO7VCXgRcA para mais livros.