/Com a graça de Deus e Basquiat//

Jean-Michel Basquiat foi um pintor que balançou o cenário artístico de Nova Iorque em 1970.

A carreira do pintor foi meteórica: Em seis anos produziu grande parte de suas obras, atingindo muito sucesso, principalmente depois das colaborações feitas com Andy Warhol!

A partir da novidade dos grafites rolando solto por Nova Iorque, Basquiat trouxe para os museus a grafitagem. E sua importância foi vital para o entendimento da arte enquanto produto social.

Não pretendo adicionar a discussão do que é a arte, mas acredito que ela deva ser mais sentida que entendida.

Não é bonita a arte de Basquiat, mas é muito atraente, e não vale aqui nenhum julgamento de incoerência.

Seus quadros não precisam de explicação, com a graça de Deus! Sua caricatura escrita e descrita na palavra SAMU, muitas vezes escrita no meio dos seus desenhos, trazem um novo olhar gráfico a arte: Same old shit, uma exclamação social, exposta em nervos de aço raivosos, dizendo: sou o que sou, se me aceita ou me nega, tanto faz. O que pinto é o que sinto, não pretendo ser bonito ou influente, quero fazer sentir!

O longa-metragem sobre a vida de Basquiat de 1996, protagonizado por Jeffrey Wright, com participação de David Bowie na pele de Andy Warhol, não é tão fidedigno quanto o que realmente foi sua vida.

Por mais difícil que sua obra pareça, Jean Michel consegue como poucos, traduzir visualmente a podridão humana.

É uma arte forte, que me encanta por ainda não saber sobre o que é.

Me faz sentir uma vibração de prazer ao olhar as cores quentes e forte, ao mesmo tempo que bate uma solidão ao observar seus pitorescos traços rudimentares.

Ferreira Gullar em sua última coluna ‘’Arte do futuro’’ diz para nos atermos a dois fatores fundamentais na arte contemporânea: a arte e a técnica. Me faz lembrar em Mozart: Wolfgang nasceu músico.

Jean-Michel Basquiat nasceu artista. Não faz força durante seu ‘’fazer’’ para demonstrar sua expressão.

Os artistas mais significativos são aqueles fiéis a si mesmos.