/Ataque dos cães//

Para discorrer sobre ‘’Ataque dos Cães’’ tenho que confessar uma prática nada ortodoxa, usada por este colunista metido a crítico de cinema.

É de costume meu ler algumas outras críticas de cinema para me inspirar após ter assistido a um filme, e confesso que algumas me revelaram novos olhares em relação a alguns aspectos.

A minha primeira impressão foi a total desprezo com a obra e incredulidade com a academia de colocar um filme qualquer da Netflix de tão parado e novamente com a discussão da homo afetividade estar sendo disputada a uma estatueta.

Analisando por fora deste escopo, o longa tem algo a ser dito no momento atual, da famigerada ‘’masculinidade tóxica’’ a obra de ficção homônima de Thomas Savege publicada em 1967 transportada as telonas, traz questões antigas com roupagens novas que não diminuem a obra na sua essência, e voltam a reverberar, sem qualquer interesse no apelo a imagem ideológica formada hoje, ao redor do tema da homossexualidade, que passa muito desapercebida.

O drama gira em torno da velha conhecida dramaticidade das   escolhas, do que nos tornamos ou pelo menos poderíamos nos tornar se não tivéssemos outra escolha.

Com uma fotografia pastel, o filme explora uma vibe western no cenário que, não intencionalmente, dá os personagens suas características.

Ataque dos Cães é a tradução sem sentido algum que deram ao original Power of the Dog, título inspirado na passagem bíblica: ‘’ Entregue minha alma a espada; minha querida do ataque dos cães’’.

Mas o filme brilha quando traz um duelo interior entre o que é certo e reprimir o que o personagem julga não ser ‘’preciso’’ para o trabalho diário em sua propriedade.

Um filme para se pensar a respeito da repressão de sentimentos, sobre a dualidade entre que é necessário fazer e do que fazemos por nós, para nos fazer bem.

O filme toca na questão da solidão, do que se perde na relação humana primordial quando há o isolamento, quanto que não se enxerga do outro como uma parte também do caminho, ao nos fecharmos somente no casulo de nós mesmos.