O valor do tempo

O tempo tem para a Logosofia um valor que se acha representado
em todos os atos da vida; com isso queremos dizer que por seu
aproveitamento o homem é capaz de ser e de fazer muito ou nada.

Daí que sempre aconselhemos não se deter além do necessário nas
preocupações da vida corrente, a fim de não ocupar sem proveito
esse tempo, cujo valor pode ser multiplicado se o utilizamos na
busca do que há de dar satisfações duradouras, o que ao mesmo
tempo ajuda a resolver os problemas que nos afetam intimamente,
problemas que não podem ser resolvidos quando as preocupações
comuns embargam quase todo o tempo da vida mental.

A vida não deve ser colocada dentro dos problemas, mas os
problemas dentro da vida.

Uma vez bem compreendido que a função primordial da existência
não é a refletida na atividade diária, será fácil ver como
o tempo pode se perder, tornando-se difícil sua recuperação;
também se verá como esse tempo nos oferece muitas oportunidades
felizes, se, ao passar a nosso lado, aceitamos seu convite
e fazemos dele bom uso.

Buscar o tempo que já está submerso no passado é tarefa árdua;
menos difícil é sair ao encontro do que ainda nos fica por viver
e oferecer-lhe espaço dentro de nós para que, constituindo-se no
hoje, e mais tarde no amanhã, faça florescer a vida em sua mais
formosa ideação e realidade.

O tempo é a essência oculta da vida; é a própria vida em todo o seu
percurso. Olhemos o tempo perdido como vida que se foi de
nós sem ser vivida em sua plenitude, e aprenderemos a viver
na consciência do verdadeiro existir, prolongando-a indefinidamente,
ao deter o tempo e fazê-lo servir aos fins da evolução.
diretrizes que ajudam no aperfeiçoamento individual

Por acaso não é isso o que sucede quando fazemos hoje o que
muitos farão meses, anos ou séculos depois? Ensaie-se o governo
do tempo, de acordo com nosso método, e se verá quantas satisfações
íntimas serão obtidas.

Sabemos perfeitamente que nem sempre o indivíduo está em
condições de compreender num instante a palavra logosófica,
que às vezes excede sua capacidade mental; entretanto, com
esforço, com perseverança e boa vontade, ele consegue penetrar
nela e cada dia descobrir elementos indispensáveis para a
própria evolução.

Carlos Bernardo González Pecotche