Infelizmente é comum no Brasil, pessoas com transtorno mentais decorrentes do uso de substancias psicoativas, serem submetidas a assistência de baixa qualidade e a violações de seus direitos humanos. Muitas vezes os serviços de saúde mental, como Comunidades Terapêuticas ou Clinicas para dependentes químicos, não conseguem incorporar tratamento e práticas baseados em evidencias, apresentando um resultado insatisfatório no índice de recuperação das pessoas que passaram por tratamento. Imagine uma pessoa, portadora de dependência química que é acolhida em uma Comunidade Terapêutica que não utiliza um método de tratamento ético, o resultado não será efetivo e após sucessivas internações, acabará desenvolvendo uma “crença” de que essa pessoa não tem solução, de modo que essa ação reforça a ideia de que o dependente químico é “fraco” ou “não quer” se recuperar. Mas é necessário saber que não basta somente a pessoa querer, ela deve ser orientada e assistida por profissionais éticos e que tenham conhecimento técnico para oferecer o melhor tratamento possível. Por exemplo: uma pessoa pode se matricular em uma academia e no seu primeiro dia de aula, “querer” levantar 200 kg no supino, considerando que ela nunca tenha treinado antes, só o querer não será suficiente para ela conseguir levantar esse peso com segurança e de modo satisfatório, do mesmo modo ocorre com o dependente químico que deseja entrar em recuperação, não basta só o querer dele, é necessário ser orientado sobre a melhor forma para atingir esse objetivo, através de intervenções multiprofissionais e submetido a um plano de intervenção terapêutica que possibilite um espaço para que o próprio acolhido possa refletir sobre sua responsabilidade e adquirir durante todo o processo o controle sobre seu comportamento compulsivo e desenvolver habilidades sociais possibilitando assim sua ressocialização. Para que esse processo seja efetivo, ele precisa ser respeitado e acolhido em suas necessidades, e também orientado sobre possíveis recidivas, porem o tratamento é o melhor caminho. Afinal o desafio para o dependente químico não é o uso de drogas, mas sim as consequências que o uso de drogas traz para sua vida.
Dessa forma, procuramos em nossa Comunidade Terapêutica PEVI, oferecer um tratamento ético e baseado em evidencias, afinal estamos passando por um momento de negacionismo e precisamos reforçar a importância da ciência. Levando isso em consideração, toda a Comunidade Terapêutica PEVI, funcionários e acolhidos participaram da “II Jornada de Prevenção ao Uso de Drogas: Transformando Ciência em Políticas Públicas”, no período de 21 a 25 de junho de 2021. Este evento foi organizado pela UNIFESP, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo. O Psicólogo e Coordenador técnico da instituição Angelo Henrique Botteon em contato com o Núcleo de Pesquisa em Prevenção ao uso de Álcool e outras Drogas – PREVINA da UniFESP, realizou as inscrições dos participantes. Ao todo foram 5 encontros onlines com os seguintes temas: A ciência da prevenção e as políticas públicas; Programas de prevenção e estudos epidemiológicos; Cine-debate – Coach Carter; Prevenção entre adolescentes e a influência da comunicação e Políticas públicas e prevenção. Em todos os encontros foram admissíveis que os acolhidos e funcionários do PEVI participassem através de perguntas aos palestrantes por meio do chat online, tornando bem dinâmica a participação de todos. No quinto e último dia, foi realizado uma reunião com todos os participantes e uma avaliação sobre essa prática ocorrida no evento, visto que aproximamos os residentes dos estudos científicos sobre prevenção e tratamento do uso de drogas. Ressaltamos ainda que esse foi um evento piloto que só foi possível devido a parceria do PEVI com a BRUMART, possibilitando conectar nossa Comunidade Terapêutica ao mundo online. Já está sendo programados outros eventos e cursos EADs em parcerias com diferentes instituições educacionais.
Essa foi a primeira de muitas.