Mãe só há uma

Tenho me impressionado pela qualidade da presença feminina nas artes. Sofia Coppola, em “Maria Antonietta”, é um exemplo marcante da sensibilidade no audiovisual. Julie Taymor sempre causa impressão, enche nossos olhos com detalhes em seus figurinos, locações e suas opções de enquadramento e produção de seus longas. É uma das grandes diretoras da atualidade, fazendo fama ao dirigir “Selma Hayek” no belíssimo “Frida”, onde conta a trajetória existencial da artista Frida Khalo.

Nós, brasileiros, precisamos lembrar também da nossa principal diretora em atividade. Estou me referindo a Ana Muylaert. Assisti somente na última semana, o longa “Mãe só há uma”, sua produção de 2016.

A montagem da diretora é impecável. Nenhuma cena está ali de proposito, ela não enche linguiça: tudo que está no longa tem um proposito para encaminhar a história que está contando.

Uma história focada a partir de um ponto de vista muito singular, trazendo à tona discussões complicadas, mesmo que a diretora tenha carregado a mão no drama, consegue ainda uma boa dose de leveza.

Onde ela buscou esta inspiração!?

Um fato interessante é a maneira em que insere os temas. “Mãe só há uma” poderia cair na zona comum, destacando apenas o homossexualismo juvenil. Mas não, cabe colocar a discussão do filme em cima de uma frase: “mãe é quem cuida”.

Não é uma discussão da família ideal, mas do núcleo familiar. E neste ponto, a diretora aposta nos gestos para contar sua história, e finaliza seu longa da melhor forma: a partir de uma mínima aceitação afetiva das condições impostas à vida. O recorte escolhido pela diretora foi muito bem trabalhado.

E viva o cinema brasileiro!