Cai uma estrela no meio da minha janta. Caldo grosso, sopa de legumes.
Uma lástima, a estrela acabara de nascer, e assim, não mais que de repente, deu de cair na minha sopa.
Pelo seu brilho pode-se ver que ela é das que nascem para ser cadentes. Ensopada, a estrela lutou brilhantemente para continuar incandescente, não se deixou cessar por uma simples queda dos céus.
Coloquei-a na palma de minha mão, que, no calor do momento, esquentou os arredores de sua borda.
O que fazer em caso de queimadura de estrelas? Um poeta deverá ser consultado.
De seu brilho e intensidade, meus encantamentos por aquela estrela decadente me foi muito caro. Queimadura leve, mas que hoje, já dura semanas, e a casquinha ainda tem aspecto nauseante.
Pincei um momento: Não foram os Red Hot Chili Peppers que cantaram que ‘’desastres são somente mais uma estrela a cair no quintal’’?
Como a estrela, refleti a respeito da frase.
Desastres são momentos de densidade trágica que servem como provas para alguns, lições para outros, e sempre nos marcam pela gravidade da palavra.
‘’Tragédia’’ tem a mesma profundidade que ‘’Pedra’’.
Destino é primo do acaso, que se deu bem no dicionário, e acabou com um significado mais esplendoroso:
‘’Tudo que é determinado pela previdência ou pelas leis naturais; sorte, fado fortuna’’
‘’ O que há de vir, de acontecer; futuro’’.
‘’ Ocorrência, acontecimento, sucessão de fatos resultantes de causas sem vontade; sorte’’.
Gosto mais das definições de Manoel de Barros que do Climatempo: são mais precisas para se entender o que não tem importância.
A estrela deixou marcas sensíveis em mim. Na noite, o sono foi aconchegante. Acordei com uma ideia lâmpada:
O que não mata, fortalece. O que nos toca, intensifica intenções e sentidos já existentes.
Como sempre vc é muito criativo. E está ficando cada vez melhor.
Gostei dessa história de uma estrela caindo na sua sopa tão quente que lhe queimou a mão. Ou será que foi o calor da Estrela?
Bem, mas que estrela foi esta?
Um Vagalume? Uma imaginação?