As capas dos LPs

Abro a coluna do ano abrindo também um disco de vinil. Tiro a capa plástica protetora, olha aí: Novinho!

Este ano, leitor, me dedicarei mais à música. Revisando sobre estes temas, ontem, no ano que passou, escrevi pouco sobre música. As baquetas e os fones de ouvido criaram pó na bancada de madeira.

Chega de saudade, vamos nutrir a nostalgia!

Antes a música era consumida com muito luxo. Basta lembrar do século XX: O glamour dos espetáculos dos clubes de música norte-americana, assim como as pessoas, o estilo e o bom gosto que emanava no ar, eram símbolos de felicidade depois de um longo período turbulento.

Cultura era um consumo que começava a aparecer por necessidade. A felicidade ululante que emanava no ar estava estampada nas capas dos LP’s. O jazz, swing e todos os estilos raiz dos EUA.

Veio com as maravilhosas capas, além de todo um mercado, um jeito novo de se viver. Frank Sinatra e James Stewart simbolizam o típico homem da classe média, cada um no seu lugar: um na música, outro no cinema.

O preço da fama era baixo nesta época.

Chega de sociologia. Qual é o título da coluna mesmo?

“Back to Back”, álbum lançado em 1959, por Duke Ellington. Na capa, podemos focalizar os respectivos sentados, de costas um para o outro, em seus ternos, sob uma fria luz ao fundo e um grande “Back” escrito em letras maiúsculas amarelas, “to” escrito também em caixa alta, mas em azul, e o segundo “back” de novo em letras amarelas e maiúsculas.

A propaganda fazia imagem da popularidade, que em nenhum momento era medíocre de conteúdo. Os astros tinham talento para sustentar sua fama.

Por aqui, na terra do canarinho, a nossa bossa-nova (blim-blim blom-blom) copiava cuspida e descaradamente as capas jazzísticas. Podemos chamar isso de gula antropofágica, Mario de Andrade?

Tanto que, logo na era seguinte de rock-and-roll, elas se intensificaram. A criatividade estava à frente dos vinis, não se contentou só para dentro das bolachas.

Bons tempos, e pensar que não se tinha Google para ver quem eram os astros. Somos privilegiados e não percebemos.