Dia de finados

Já está próximo o Dia de Finados. Não fosse esta mudança de rotina que tivemos ao longo do ano, eu estaria mais eufórico, e normalmente (como é difícil escrever “normalmente” na atual circunstância) sairia cedinho com meu tio para ajudá-lo a distribuir vasos pelas lápides no Cemitério Municipal.

Não sou muito chegado a filmes de terror, de levar susto com estrangulamentos, sangramentos exagerados, aparições repentinas de figuras com rostos deformados, mas o clima lúgubre, sombrio e cinzento do cemitério, tem lá seu charme.

As ruas são estreitas demais para mim? Sim, elas são. É difícil meu deslocamento de lápide em lápide ao longo do caminho? Ô se é! Não seria melhor fazer outra coisa neste dia? Sim, seria, mas a aventura em si, de ir ao cemitério, e observar as carcomidas e belas (belas?!) estátuas de santos, anjos, e ler as mensagens de conforto póstumas, nas carcomidas letras do cemitério, valem o macabro passeio.

O finados (02/11) é uma data onde se deveria celebrar a vida perante a evidente morte carnal. Vai me dizer que as pessoas vão ao cemitério porquê é divertido?

Mesmo sendo reencarnacionista e acreditando na existência post-mortem, prático a saudação aos que se foram diante da lápide de maneira positiva, relembrando o querido defunto por tudo o que ele foi de melhor, ou orando com esperança perante seus restos mortais diante da lápide e do cheiro de vela queimada que vem do portão de entrada.
Acho curioso comemorarmos só em novembro esta data, sendo que nas culturas anglo-saxãs e espanhola, se comemora no dia 31 de outubro.

Mas também, o dia de finados para mim sempre foi uma data família, meu tio de Ribeirão Preto sempre aparece, temos almoço de família. Até aqui, não senti nada macabro por aqui, exceto o pé de galinha que veio por engano no frango assado. Mistério…

“Nunquam ipsos infinitam”
(Infinita vida para aqueles que nunca se foram)