Mais rápido, mais alto, mais longe

Fui assistir a Rocketman, a tão aguardada cinebiografia de Elton John que vem dividindo opiniões de críticos, e que, vou dizendo logo de cara, já deveria ser um dos longas cotados ao Oscar 2020.

Depois do sucesso estrondoso de Bohemian Rhapsody – a ‘’biopic’’ de Freddie Mercury, um dos mais famosos rockstars dos anos 80, se não for o mais famoso – o diretor Dexter Fletcher aposta agora na biografia de Elton John. E o esforço vale a deixa: o longa é ainda melhor.

Para alguém que nasceu nos anos 90, Elton John significa o homem atrás do piano, que imortalizou O Rei Leão com ‘Can you feel the love tonight’. Elton John significa o artista dos anos 70 de hits românticos – de letras melosas e melodiosas – que, se ouvidos hoje, estão ultrapassados.

Elton John é o cara que canta em velórios chiques: compôs ‘’Candle in the Wind’’ por ocasião da morte de Marylin Monroe (ou Norma Jean Baker, para os íntimos), música que ficou mundialmente conhecida ao repetir a canção no velório da Princesa Diana. E, finalmente, para nossa geração, Elton John significa um artista gay assumido, casado, que, aos 70 anos, pôde se tornar pai… E segue tocando em shows beneficentes para ONGs, além de tocar semanalmente em Las Vegas e turnês mundiais.

Mas, existe o cara que nasceu nos anos 90 antes de assistir Rocketman, e um cara que nasceu nos anos 90 depois de ter assistido Rocketman.

Minha primeira consideração pós Rocketman é que tudo o que conhecia sobre Elton John não era nem a ponta dos seus óculos extravagantes, diante da extravagância de sua trajetória até a fama, cheia de complexidades emocionais.

Sua vida foi tensa, trágica, eufórica, colorida e excêntrica. E o reflexo disso são as letras que canta de maneira ainda mais profunda do que foram as letras de Freddie Mercury.

Prometo, não irei compará-los.

Seus escândalos também não foram deixados debaixo dos panos, está tudo no filme. E o longa percorre um caminho mostrando com muita emoção o ser humano por detrás do artista, e que todos seus talentos são iguais ou relativos à sua fragilidade emocional.

Redenção, teu nome é Reginald Dwight, o nome de Elton John.

Seu convívio com a timidez, ao caminhar junto com toda a glória, glitter, fama e fortuna que construiu para si é notável no longa. O filme apresenta mais uma vez como toda esta geração de personagens do rock sofreu forte influência familiar, tendo de lidar com grandes traumas na infância e suas superações.

O figurino do longa é destaque do filme, digno de Oscar, com toda a exuberância dos trajes que Elton vestiu, veste e vestirá.

Por fim, a cereja do bolo: Onde estará Taron Egerton no filme? O ator escolhido para representar Elton na telona simplesmente sumiu, não vemos grandes esforços em se parecer com Elton, pois ele é Elton John!

Diante de Meryl Streep como Margaret Tatcher, Nicole Kidman como Virginia Woolf e Gary Oldman como Winston Churchill, Taron Egerton como Elton John também entrou de cabeça no personagem, pois ele não só se parece com o músico, como também canta e assume seus trejeitos. E mesmo com a presença de ótimos coadjuvantes não queremos olhar para ninguém mais a não ser Taron. Mais um traço do próprio Elton John.

Desejo vida longa às cinebiografias dos rockstars dos anos dourados do rock’n’roll e já deixo aqui minha aposta para a próxima rock-bio: O astro merecedor de sua história na telona é ninguém menos que Eric Clapton, dono de uma vida louca vida, que, com certeza, também fará grande sucesso na telona.