Os nadificadores

Fabrício Carpinejar, um dos novos cronistas nacionais de destaque, fala em uma de suas crônicas, que pela manhã gosta de ter tempo para acordar e assim ‘nadifica’ o pão, o café, enquanto está acordando.

Pensando bem, no mundo moderno, estamos constantemente nadificando, pois em meio a tanta informação que chega até nós das mais diversas maneiras, e em velocidade sufocante, muitas vezes não damos a devida atenção para aquilo que merece.

Nadificar também pode ser selecionar as pessoas que mais tem a ver conosco, e incluindo, ou excluindo-as do nosso círculo, que acaba se tornando, cada vez mais estreito. Não fazemos isso por egoísmo, mas chega a um ponto em que precisamos ser os ‘nadificadores’, pois nossas semelhanças passam a ser diferenças, e o amigo by facebook não vai modificar este status. Parece difícil clicar em ‘agora não’ quando alguém, que nem se quer te cumprimenta na rua, pede para ‘ser seu amigo’ no facebook. Contradição? Pode ser …

Nadificadores também são os que param na vaga do deficiente físico, por comodidade, os que desprezam o carregador do supermercado, e tantas outras pessoas comuns que convivemos constantemente, os irritados do trânsito, e aqueles que, além de nadificadores, são sem educação.

Podem ser ainda os descompromissados, nos relacionamentos, no papel diante da família e no trabalho, tendo assim, maus médicos, políticos corruptos, vendedores carrancudos, e encanadores que dão o cano! A lista é infindável.

Salve-se quem puder!

Para os nadificadores, não existe mais a poesia do dia a dia da vida, são pessoas fechadas, desinteressadas, e desinteressantes, verdadeiros ‘bichos do mato em busca de um vicio’, parafraseando Lobão. A felicidade para eles é comprada, e são insignificantes os momentos da vida, onde os verdadeiros relacionamentos se constituem. Azar deles… Não sabem o que estão perdendo, afinal, nadificar só ficou bonito para o Carpinejar.