Reestruturação das Classes Sociais

Na última década, 35 milhões de pessoas passaram a integrar a classe média no Brasil, segundo estudo recente da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República. No total, estima-se que o país tenha 104 milhões de pessoas na classe média, o que representa 53% da população brasileira – 20% estão na classe alta e 27% na baixa. Em 2002, apenas 38% da população estava na classe média.

A SAE considera classe média as famílias com renda per capita entre R$ 291 e R$ 1.019 por mês. A comissão responsável pelos parâmetros reconhece que o valor é baixo, mas afirma que a renda familiar por pessoa de mais da metade da população é inferior a R$ 440 por mês. Assim, essa classe foi dividida ainda em três subgrupos: a baixa classe média (renda per capita de R$ 291 a R$ 441), a média (de R$ R$ 441 a R$ 641 por pessoa) e a alta classe média (de R$ 641 a R$ 1.019). Famílias com renda per capita acima de R$ 1.019 estão na chamada alta renda, ou classes A e B. As com renda per capita inferior a R$ 291 estão na baixa renda, antigas classes D e E.

Os dados indicam uma redução da classe baixa mais intensa do que a expansão da classe alta. De 2002 a 2012 21% da população brasileira mudaram da classe baixa para a média, enquanto apenas 6% passaram da classe média para a alta.

Além disso, o crescimento da renda da classe média tem sido maior do que o do restante da população. Enquanto na última década a renda média desse segmento cresceu 3,5% ao ano, a renda média das famílias brasileiras cresceu 2,4% ao ano.

Destaca-se ainda que quase 80% do aumento na classe média refere-se à população negra. Com esse aumento, a representatividade entre negros e brancos na classe média ficou equilibrada: 53% dessa classe é formada por negros e 47% por brancos. No entanto, esse equilíbrio não significa que as desigualdades raciais foram superadas, uma vez que permanecem nas demais classes sociais: na classe alta, 69% são brancos e 31%, negros e na classe baixa os percentuais são inversos.