O ATO DA CRIAÇÃO E OUTRAS HISTORINHAS

O ATO DA CRIAÇÃO E OUTRAS HISTORINHAS

Carolina Vital Ortiz

Bom dia, amigos! Dia desses, e não faz muito tempo, estava conversando com um grande amigo, doutor em Engenharia e professor universitário, o qual sempre gostei de discutir várias ideias, principalmente política e, apesar de pontos de vista contraditórios em vários setores, sempre houve muito respeito e amizade para preencher as lacunas. Entretanto, posso afirmar que fiquei completamente surpresa, para não dizer atordoada, e percebo que ele também teve a mesma reação quando entendeu como eu via o mundo, quando, conversando sobre ciências, abordamos o tema da gênese.

Ora, para mim é irrefutável e, até que se prove ao contrário, continuarei convicta de que houve uma grande explosão, formação de planetas, evolução da vida, primatas, mais primatas e, finalmente, o parasita homo sapiens. Cientificamente é essa a teoria mais aceita e até provada (ontem mesmo tive a oportunidade de conhecer um acelerador de partículas e conversei com o cientista que me proporcionou essa experiência e falamos muito sobre a partícula de deus e a possibilidade de recriar um Big Bang por alguns milésimos de segundo – isso não é mitologia! É ciência! Fato concreto!). Voltando ao meu amigo, observei em seus olhos uma expressão de tristeza misturada com choque psicológico. Ele ficou ali, estático, olhando para mim em silêncio, enquanto eu explanava sobre a ciência.

Depois de alguns minutos, ele se recuperou do assombro e me “explicou” sobre a criação de Deus, sobre o Gênese bíblico. Inacreditável! Estamos no século XXI e a mitologia ainda persiste. Claro, respeitei o ponto de vista divergente e segui meu caminho. Entretanto, isso ficou ruminando em meus pensamentos e me questionei o que leva uma pessoa intelectualmente inteligente, doutor na área de exatas, a aceitar algo como verdade sem mesmo contestá-la? Deus e Adão, Tupã, Tshanoai, Olorum, Ormuz, Hel, Zeus, todos deuses da criação são mitologias para explicar o inexplicável quando a ferramenta de que se dispõe é a imaginação.

O ponto central desse artigo é que essas diferenças me levaram a outro questionamento: a aceitação de algo cultural como universal é uma forma de fugir de todas as dores existenciais. Não haveria problema algum se não houvessem pessoas má intencionadas soltas por aí. Foi por essa forma de aceitação que muitas guerras aconteceram, a Idade Medieval foi um período de trevas sem fim, hoje mulheres ainda são apedrejadas até a morte ou mutiladas em algumas culturas, pessoas são vistas como moeda, homens bombas acabam com suas vidas e dos que estão em volta. Não digo para rejeitar a fé, não! Mesmo porque é ela quem motiva o homem. Mas digo para questionar mais os fatos que já chegam prontos até você (e aqui não estou me referindo a uma historinha mitológica só. Digo sobre tudo, sobre verdades inquestionáveis, sobre política, religião, escritores e até mesmo sobre estas minhas palavras. Duvidem de tudo e procurem a sua verdade).

Questionem! Questionem professores, questionem cientistas, questionem líderes religiosos, questionem líderes políticos, questionem livros sagrados. Duvidem, afinal, como disse Aristóteles A dúvida é o princípio da sabedoria e sejam livres das amarras. Deixem de ser marionetes e vivam melhor, construindo uma realidade de igualdades, sem preconceitos, sem dominantes, com respeito. É apenas isso!