/O fim da coluna de opinião. E da opinião. //

Eis que estes dias lembrei de Arnaldo Jabor, cineasta, colunista de jornal, comentarista político da Globo.

Estava com saudade de ler seus textos, sempre com opinião forte, afiadíssimo nos seus comentários sobre o cotidiano político-cultural tupi-guarani, com opiniões bem estruturadas, com inteligência, embasadas na realidade dos fatos.

As colunas nos jornais eram das mais variadas. Tinham-se opiniões sobre os mais variados assuntos que misturadas em meio as notícias, completavam a experiência de leitura de um periódico.

Bem diferente de hoje, que pessoas sem qualificação nenhuma para dar seus pareceres dizem o que pensam e tornam-se vozes nas mais diversas representatividades.

O pensamento crítico no jornal, a verdadeira opinião do que se pensa, passou a ser bandeira e panfletismo. Todos são engajados e defensores de suas causas com unhas e dentes.

E quem perde com isso somos nós, leitores ávidos por buscar na opinião, a imparcialidade, forma de posicionamento que parece ter caído em desuso na mídia.

Ninguém mais ouve ninguém mais vê. Paulo Francis já criticava este colunismo excessivo já nos anos 70, em oposição ao verdadeiro jornalismo, que buscava entender os fatos, investigava a notícia e trazia histórias.

Hoje tudo gira a favor da opinião partidária do veículo, e o leitor ou é ovelha ou lobo do veículo informativo.

E o ponto de vista? Opinião não é sinônimo de índole, é somente uma opinião sobre o fato.

Esta frase não entra em nenhuma discussão mais. A que ponto chegamos!?
Ultimamente artistas se posicionam, frequentam rodas de conversas de destaque na mídia, e se tornam formadores de opinião.

Toda opinião é válida, desde que com embasamento e sem interesses ideológicos.

A rede social trouxe uma democratização para a discussão. Seria ótima para o debate público se não fosse idiota e cabresta, sem a profundidade conteudista e argumentativa necessária para ter a mínima relevância discussão.

Em um nível mediano, estamos órfãos de verdadeiros intelectuais. A mídia se tornou careta, e seremos vacas de presépio se não a interpretarmos corretamente, no sentido ideológico.
Se este valer e se ainda, não estiver corrompido.