A árvore humana

A construção de imagens não é coisa simples. Exige-se certa perícia nessa classe de arquitetura, a fim de que as imagens delineadas e expostas sejam claras e precisas, e contenham a expressão acabada de um conhecimento, de uma verdade ou fato que se queira narrar.

Se, para expressar determinados aspectos da vida humana, recorremos, por exemplo, à imagem da árvore, diremos que, comparada a esta, a planta humana tem plasmada em sua semente a sua herança e o seu futuro, mas, diferentemente dela, a árvore humana pode morrer e voltar a nascer no curso de uma só vida. Essa transformação se consuma quando morre a árvore velha da existência estéril, e nasce a nova, de semente selecionada, sob os auspícios de uma concepção superior de vida. Com isso, pode surgir um novo ser, e quanto maior for o cuidado que lhe seja dispensado mediante o cumprimento da lei de evolução, maior será também a possibilidade de alcançar a perfeição da espécie.

A árvore humana é a única que pode dar flores e frutos em todas as épocas

Se compararmos a árvore humana com alguma dessas árvores do reino vegetal, que costumam produzir muita ramagem, fazendo-as cair sob seu peso insustentável se não são podadas a tempo, compreenderemos, ao retirar delas a folhagem inútil que lhes absorve a vida e as torna estéreis, que no homem, essa ramagem, representa as vaidades, os falsos conceitos e as debilidades. É a frondosidade que a árvore humana por vezes ostenta, enquanto oculta um tronco oco.

Os que estão compreendidos em nossa imagem encontram a justa repulsa daqueles que são sensatos e que pensam com juízo e com lógica. Será fácil compreender, pois, que é preferível um broto fértil a muitos débeis e inférteis.

A missão da árvore humana não deve limitar-se a crescer e dar sombra. Chamada a ser a imagem de seu Criador, corresponde-lhe dar flores e frutos, e boa semente, para que a espécie não se debilite nem se extingam suas qualidades e virtudes.

Extraído da Coletânea da Revista Logosofia, Tomo 3, pág. 177