Sobre a vida em sociedade

Olá, leitores! Gostaria de compartilhar um texto escrito um tempinho atrás e convidá-los para uma reflexão sobre a visão machista de mundo, sobre a falta de respeito com as escolhas dos outros e sobre comentários e julgamentos desnecessários que muitos insistem em fazer (talvez para tapar o vazio da existência inexistente).

Bem, vamos lá:

Hoje, um domingo maravilhosamente chuvoso e frio, aproveitei para fazer algumas faxinas em gavetas ultrassecretas, aquelas que a gente acumula besteiras que sabemos que um dia irão para o lixo mas que insistimos em guardar um pouco mais – “vai que…” Pois bem, estava jogando uma montanha de papéis velhos até que achei um diário de muito tempo atrás. Como fui uma adolescente/jovem cheia de vida, cheia de curiosidade e completamente irrequieta e insatisfeita com a mesmice! Confirmei, lendo, que conformidade e aceitação nunca foram “minha praia”. Vivi parte da minha adolescência e juventude numa cidade pequena (meus pais se separaram e minha mãe mudou conosco pra lá). Tenho saudade, é claro, dos bons amigos e lugares incríveis que frequentei, entretanto, não sei se seria diferente ou se é coisa de lugar muito pequeno mas cresci com uma “reputação” não muito boa – tipo, eu era a saidinha, a danadinha, a menina travessa para padrões sociais, motivo que muitas vezes me levaram à ser excluída em algumas situações. Meu pensamento sempre foi “foda-se o que acharem de mim porque quem vive minhas dores e alegrias sou eu” – e, afirmo, sempre fui profundamente intensa e sincera em tudo o que senti: todas as pessoas que amei, todas as pessoas que me apaixonei, todas as pessoas que não me simpatizei, todos os lugares que frequentei ou que deixei de ir, tudo, tudo, tudo foi vivido com o coração e talvez por isso hoje me sinta em paz, tranquila e pronta para viver experiências mais calmas – já que isso é uma grande novidade na minha vida.
Estou divagando, falando um monte de blá-blá-blá e não cheguei ao ponto principal. O que quero dizer é que fui uma adolescente/jovem saudável, dona das minhas verdades, rejeitando as oportunidades e situações que não me agradavam, dizendo SIM quando queria dizer sim e, o principal, dizendo NÃO quando queria dizer não e acho que essa atitude foi o que, antes de tudo, me deixou tão em evidência (de uma forma negativa, claro), afinal, para um homem receber um NÃO de uma garota cheia de vida isso deveria ser um crime hediondo.

Mães, vocês que têm filhas adolescentes, coloquem essas garotas acima de qualquer marca ou rótulo que a sociedade possa lhes dar. Ensinem essas meninas a desenvolverem amor próprio e nunca se submeter às historinhas clássicas de conto de fadas porque nós, mulheres com 40 e tantos, sabemos que elas não existem. Ensinem suas meninas se protegerem e se blindarem da opinião maldosa, do “outro” mau caráter, da sexualidade imposta e de tantas outras imbecilidades que o mundo social cria. Falem pra elas que normas inúteis devem ir pro lixo e que amar e contribuir com o mundo é, em primeiro lugar, se amar, que se respeitar não é se privar de sexo ou experimentação (adolescência é uma fase de experimentação, aliás). Se respeitar é ser honesta consigo mesma e se sentir bem e em paz com isso.
Paz!