Sobre nossos irmãos

Olá, leitores! Estou com vocês há alguns meses e quem conhece minha coluna está acostumado a encontrar algum livro comentado, resenhado, criticado. Enfim, geralmente apareço falando sobre literatura. Acontece que, conversando com nosso querido amigo Mauro Boaro, o “chefe” dessa parada, brotou a ideia de expandir nossos papos e explorar outras áreas. Para quem não sabe, sou formada em Direito (turma de 2001), Letras (turma 2007) com pós-graduação em Literatura e Língua Inglesa e, finalmente, estou na metade do meu curso de Psicologia (que, diga-se de passagem, é um amor sem fim na minha vida). Por esse currículo, decidi experimentar algo novo e, dessa vez, trago um texto curto que publiquei ano passado mas que espero que seja novo para vocês. Divirtam-se:

Certo dia, o homo sapiens começou a andar sobre duas pernas. Passo significativamente enorme na evolução: graças à essa nova posição, o quadril das fêmeas se estreitaram para sustentar o corpo e, consequentemente, por processo de seleção, as crias começaram a nascer prematuramente. Veja bem a diferença dos nossos filhotes com o restante dos mamíferos. Enquanto um potro já nasce andando, um cachorro já procura alimento sozinho, um gato, em poucos dias, já está pronto p caça, nós vivemos anos absolutamente dependentes de um cuidador. As fêmeas sapiens não podiam sair para caçar pois tinham que garantir a sobrevivência de seus animaizinhos recém nascidos. Foi essa necessidade de cuidado e proteção que fez com que nos tornássemos seres sociais (e aí é onde nascem vários tabus e ilógicas normas morais). Quanto à linguagem: o que nos distancia dos demais seres que também se comunicam (muitos, inclusive, oralmente)? Nós, sapiens, fomos agentes ativos numa revolução cognitiva e conquistamos formas de cognição típica da nossa espécie. Enquanto alguns primatas conseguem dizer “cuidado, um leão!”, nós conseguimos passar a ideia de distância que esse leão se encontra, do tempo que ele levará até chegar ao bando, do tamanho dele e inúmeros detalhes importantes para a tomada de atitude mais adaptável à situação. Entretanto, e podem rir porque é engraçado mesmo, uma enorme gama de cientistas acreditam que a linguagem nasceu da necessidade de FOFOCA. Exatamente! Através da fofoca, conseguimos saber quem é confiável, quem é trapaceiro e passar informações relevantes para a sobrevivência. Pois é, somos animaizinhos que se reuniram para não morrer e fazer fofoca ao redor de uma fogueira. Tem coisa mais espetacular do que o homem?