Game of Thrones

Lendo Tolkien, sempre acreditei que ninguém jamais conseguiria criar um universo tão detalhado, grandioso, épico e imensamente envolvente quanto a Terra Média. Acontece que a vida é cheia de surpresas e, para a felicidade dos fãs do gênero fantasia, surgiu George R.R. Martin com o tesouro “Game of Thrones”. Convido ao leitor mais desatento, a experimentar, sem compromissos, o primeiro volume ‘A Guerra dos Tronos’ e suas poucas 672 páginas. Sim, concordo que é assustadoramente grande e que a primeira ideia que nos vem à cabeça é de que será mais um livro chato e entediante em que um escritor, em busca desesperada de dinheiro, cria linguiças e mais linguiças para preencher o tempo que iremos perder.

Acontece que Martin não é um escritor qualquer e muito menos precisa lutar por dinheiro. É um nome de peso dentro do mundo dos HQs e fantasia, roteirista da HBO, pai de vários livros de sucesso e simplesmente brilhante.

Voltando à obra, o imenso volume assusta sim, é verdade. Entretanto, quando menos percebemos, já estamos encarando ‘A Tormenta de Espadas’, com suas 976 páginas, com naturalidade e expectativa porque a saga é pura sensibilidade e belíssimos bordados do destino. Uma vez mergulhado nesse mundo de reis e espadas, o caminho é sem volta. Enquanto não chegamos ao último desfecho, não conseguimos abandonar a leitura.

A história, para os pouquíssimos que ainda não conhecem, gira em torno de famílias que disputam o poder em terras longínquas. A trama, muito bem amarrada por sinal, une e afasta personagens e revela personalidades doentias ou ferozes com a mesma facilidade em que descreve cenários excepcionalmente mágicos.

Tenho que confessar que nunca assisti um capítulo sequer da série de TV. Gosto tanto dos livros que tenho medo de estragar essa magia se comparar com a série da HBO. Os livros são escritos de forma simples, direta e cada capítulo apresenta a visão de cada personagem, o que transforma a leitura em um enorme mistério (‘será que posso confiar no que estou lendo se quem está falando é o personagem tal?’). Outro ponto que também merece destaque é o fato de que cada personagem vai se modificando, se construindo conforme a leitura avança: Martin não nos entrega um mundo pronto e imutável, pelo contrário! Quanto mais lemos mais nossos sentimentos vão sendo confundidos porque é impossível amar ou odiar alguém nessa história – todos mudam para sobreviverem à cada nova situação.

Martin também consegue outra coisa que muitos escritores tentam, mas nem todos atingem: não existe um pensamento binário e simplista de Bem x Mal. Como tudo é mutável, não há um vencedor ou vencido, não há um vilão exclusivo, não há um mocinho puramente bom. A premissa é de que todos são obrigados a se adaptarem a conflitos e sobreviver a eles.

Enfim, há inúmeras razões para amar esse universo e para dizer que sim, há um único escritor contemporâneo que seria páreo para se igualar ao mestre Tolkien.

Leiam e divirtam-se!

Abaixo, meu canal com o vídeo no youtube.