ALIENS, VIVÊNCIA EM EQUIPE, DILEMAS MORAIS E COORPORAÇÕES

Lançado em 1979, só há pouco tempo o Brasil teve o privilégio de ler a obra de Alan Dean Foster (sim, o mesmo que, junto com George Lucas, trabalhou no roteiro do primeiro Star Wars!). Finalmente a editora Aleph trouxe Alien (que no cinema recebeu o nome de Alien – o oitavo passageiro, de Ridley Scott).

A história se passa dentro da nave rebocadora Nostromo. A tripulação está hibernando enquanto caminha de volta para a Terra e no caminho são despertados pelo computador central para atender um pedido de socorro num planeta desconhecido.

Surge, então, o primeiro dilema moral: continuar a viagem ou seguir o protocolo espacial que exige que a nave socorra a qualquer forma de vida? A convivência em grupo não é tão simples quanto parece. Toda a harmonia começa a ser quebrada quando a maioria, por instinto de sobrevivência, prefere fugir, mas são obrigados a ficar porque um superior dá as regras incontestáveis.

Descem da nave, exploram o local e encontram ovos. Um deles se fere e retornam ao grupo e, pela segunda vez, novo dilema moral aparece. A maioria não quer deixá-los entrar sem que antes haja um procedimento de descontaminação. Nada mais lógico e seguro. Entretanto, novamente, os superiores recolhem aquele homem ligado à uma estranha forma de vida. Dessa forma se inicia todo o thriller científico.

Muita ação, descrições sombrias de uma nave assustadora, aprofundamento psicológico em alguns personagens e o fofo (que rouba várias cenas) gato da Tenente Ripley. Essa é a história (para quem acha que dei spoilers, leia e veja que isso foi só uma pré-aquecida para cenas maiores).

Alien é um livro de ficção científica/ terror, entretanto, podemos encará-la como uma grande crítica social. O primeiro ponto pode ser percebido nas questões de dificuldade em conviver com um grupo, aceitar normas que não nos fazem sentido, ter de acatá-las e saber que sairemos prejudicados pela estupidez de quem as fizeram. Devemos contestar o que nos é imposto e causar uma rebelião ou ser mais diplomático e viver em harmonia? Por incrível que pareça, essa questão vai se tornando mais difícil de ser respondida à medida em que envelhecemos. Para a juventude, revolução é a palavra de ordem (ou pelo menos deveria ser), mas, quanto mais amadurecemos, mais conscientes de uma lógica grupal, de respeito conosco e com os outros, entre outras coisas, vamos gerando e mais difícil se tornam responder à questionamentos desse tipo.

Outro ponto interessante está relacionado ao fato da nave Nostromo pertencer a uma grande companhia de reboque espacial (ALERTA: spoilers): enquanto a leitura vai se desenrolando, nos fica claro que algumas atitudes que colocam a equipe em risco é dada por superiores que não são nem um pouco ingênuos. Algo muito mais interessante e lucrativo está em jogo. Algo muito mais grandioso, do que apenas sete vidas, é muito mais chamativo para a corporação. É nesse ponto que a obra se torna tremendamente crítica: há alguma ética por trás de grandes empresas? Será que é possível se tornar bilionário, grandioso influente seguindo todas as normas morais e éticas de uma sociedade capitalista? Em suma, o livro e p filme são assustadoramente muito bons.

Abaixo, vídeo do meu canal sobre o livro. Leiam, assistam, “culturem-se”! O que importa é pensar. Até o próximo artigo.