Tudo o que faço quando não sei o que fazer

Uns vão à academia, outros têm mania de padaria. Tem os que caminham no parque, os que lavam o carro, os que arrumam gavetas. É melhor fazer de tudo para não chegar a ponto de não ter o que fazer.

O tédio é minha primeira reação ao tempo livre. E para aliviá-lo preciso de uma leitura rápida, inspiradora, seguida pelo desespero. O truque até que funciona, então, parto para fazer tudo o que penso em fazer quando não tenho nada para fazer.
O tempo para todos é um só, mas também é bem diferente para cada um. Enquanto uns são extremamente ocupados, outros gastam tempo demais com coisas inúteis que não levam a nada.

Hoje o mais famoso ‘percatempos’ é o WhatsApp – claro que não poderia deixar de falar dele. Poderíamos ter lido Ana Karenina três vezes, corrido uns 5km, arrumado a bagunça do armário que está lá desde o carnaval, se não tivéssemos esperando baixar, no celular, a foto do sobrinho comendo seu primeiro pedaço de bolo de chocolate. Meu Deus! Quanta falta de ter o que fazer!

Enquanto a preguiça destrói alguns, outros se refastelam, passando um dia de Garfield, conscientes do prazer do momento. Assistir televisão parece ser não fazer nada, mas já é fazer alguma coisa. Sabendo escolher, bons programas é o que não faltam na TV.

Documentários, filmes diferentes e shows musicais têm seu espaço. Foi zapeando, sem um rumo certo, que assisti recentemente a muito interessante cinebiografia da Billy Holiday. Maravilhoso! Inesperado para aquele momento.

Utilizar bem o tempo que nos sobra, ainda vai nos levar além.
Há até aqueles que ganham dinheiro inventando livros para aqueles que gostam de perder tempo. Livros de colorir, diários em que as ações se resumem a rasgar, sujar e fazer bolinhas roxas. E ainda tem escritor, publicando livro de desenhos, criados em seu tempo livre (sim Duvivier, estou falando de você!).

O dia tem vinte e quatro horas para todos. Só nos resta usá-las bem.
Agora, sem mais delongas, porque meu tempo acabou, assim como o espaço desta coluna!