Reflexão do Quinto Passo

Segundo a literatura de N/A, “Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas”. A experiência baseada na vivência destes Passos revela que os sofrimentos causados pela doença emocional são resultados dos nossos defeitos de caráter, relatados superficialmente ou ainda não relatados. Há dificuldades que nos impedem de relatar corretamente os nossos defeitos de caráter, como o orgulho e o medo. Geralmente fazemos uma admissão e um relato amplo, porém, indolor dos defeitos descobertos, deixamos de relatar todas as consequências de um viver egoísta e orgulhoso. Quando descobrimos o espírito do Quinto Passo, descobrimos o alívio e a paz de espírito que nunca vinham da confissão de defeitos alheios, mas, sim, do relato dos próprios defeitos. É bom lembrar que admitir os próprios defeitos a outra pessoa é costume antigo e validado ao longo dos séculos. Caracteriza a vida de todas as pessoas bem orientadas. Este princípio pode restaurar nossa confiança e nossos relacionamentos e nos permite sair de nosso modo de viver “olhando pelo retrovisor”, ou seja, olhando para trás e criticando a nós e aos outros pelo passado.
Somos tão doentes quanto nossos segredos. Quando compartilhamos nossos segredos mais profundos, dividimos a dor e a vergonha. Começamos a construir uma autoestima saudável, baseada no amor, em verdades e experiências vividas e relatadas por nossos companheiros de N/A. Não conseguiremos encontrar paz e serenidade se continuarmos pondo a culpa em nós mesmos ou nos outros. Já chega.
Nossos segredos nos isolaram por tempo demais. Eles impediram a intimidade em todos os nossos relacionamentos. Sem uma “verdadeira limpeza interior”, não há possibilidade de vivermos em paz. Até inconscientemente, procurando alívio, podemos descarregar ou imputar aos outros, os nossos defeitos de caráter. Por que é necessário compartilhar com outra pessoa?
Por que não fazer a admissão e o relato do Quarto Passo somente a Deus? O fato de sermos egoístas e ignorantes espirituais, quando nos encontramos nas garras da depressão, do egoísmo e de qualquer dependência ou compulsão, isso nos impede de dar o verdadeiro espaço de nossa vida a Deus, conhecê-Lo e lidar honestamente com Ele. Relatar nossas falhas a Deus parece não ser tão embaraçoso quanto fazê-lo a outra pessoa, que poderá intervir com experiências, ou sugestão de estudarmos a literatura e praticarmos os Passos e as Tradições do programa de Neuróticos Anônimos. Aquilo que julgamos que Deus nos fala pode ser deturpado pelos nossos anseios e auto justifi cação, faltando-nos a verdadeira humildade para lidar com Deus.
Havíamos nos iludido e permitido justificar as mais rematadas tolices sob a alegação de que era isto que Deus havia dito. Andar sozinho em caminhos espirituais é extremamente perigoso, daí a importância do apadrinhamento. A escolha dessa pessoa deve ser feita com prudência. Algumas considerações são cabíveis: que a pessoa escolhida tenha, realmente, condições de ouvir e fazer sugestões de acordo com os princípios de N/A, e que se estabeleça um profundo diálogo honesto sobre os conflitos, e que esse padrinho ou madrinha, mantenha em absoluto segredo e anonimato, ou seja, nunca revele o que lhe foi confiado. As pessoas envolvidas neste grau de espiritualidade e responsabilidade estão aptas para compartilhar de nossos inventários. A experiência revela que mesmo aqueles que tinham fé, frequentemente se tornaram conscientes de Deus, como nunca o foram, a sensação de estar unido a Deus e a saída do isolamento por meio de um compartilhar aberto e honesto, nos levam a um lugar de paz e descanso, a paz interior, onde podemos nos preparar para os Passos seguintes.