Minha vida antes e depois de N/A

Minha história e o possível fundamento da progressão da minha doença. Vamos lá. Chamo-me Marcelle, neurótica em aceitação e recuperação. Abandonada pelos meus pais e criada por uma tia, como empregada. Sem amor, sem carinho, sem infância e juventude. Foi assim que passei a me entregar a relacionamentos destrutivos, porque meu único intuito e desejo era ser amada e construir uma família de verdade. Foram várias tentativas e apenas frustações. Jamais me reconheci doente até ser abandonada com um bebê recém-nascido e ter me entregue à depressão, com sentimento de me autodestruir. Cometi duas tentativas de suicídio sem sucesso e, graças a Deus, sem sequelas. Desde então senti a presença do Poder Superior em minha vida. Comecei a entender que nada poderia ser em vão, que até do sofrimento eu poderia tirar proveito e coragem para mudar… Não era ainda o suficiente: perdi meu filho e meu chão e minha vida.
Foi com a ajuda daqueles que eu julgava não me quererem e até me rejeitaram, que fui confortada (pai e mãe). Por longos anos em que lutei para me manter viva criei e alimentei minha doença mental e emocional.
Os sentimentos que recordo eram autopiedade e incapacidade de amar. Vivia na ira, no contra-ataque, no ressentimento e só me destruindo. Já no segundo casamento havia encontrado o príncipe encantado que me tratava como uma rainha e voltei a me sentir “normal”. Ele me fazia feliz e disposto a me dar a tão sonhada família.
Eu dependia dele para ser feliz. Vejam o tamanho da minha loucura emocional. Não me amava e esperava amor de alguém, ou então sempre entregando minha vida nas mãos de alguém e, de uma hora para outra, seguindo o caminho espiritual e crendo no Poder Superior da forma que O concebia.
Não atentei às artimanhas do meu marido e, de uma hora para outra, estava viúva e com um filho de cinco meses, sozinha na vida. Reergui-me. Busquei mais e mais dedicação ao meu Poder Superior, até que, depois de dois anos, reencontrei um amigo com o qual vivi na infância uma linda história de amizade e paixão. Estamos hoje aqui juntos e sofrendo ao mesmo tempo… marido adicto, recaído, na ativa. Veio-me à mente tudo que presenciei e vivenciei ao lado dos meus pais mas, como em momento algum abandonei a minha fé em Deus, conheci essa Irmandade de 12 Passos…
Sou extremamente grata por tudo em minha vida, nesses 31 anos. Hoje, posso me reerguer, me estabelecer, me equilibrar e sentir ao lado de vocês o amor que sempre procurei no outro. Na verdade, quis contar minha história para dizer que não importa o quanto tempo demorou ou a intensidade dos meus problemas, sempre haverá uma nova maneira de viver com sabedoria e paz se eu permanecer com essa programação de N/A. Essa Irmandade era o que faltava para me conhecer e me tornar um novo ser diante das peças que a vida me pregou.
Não foi e nem será o que a vida me reservou e sim como eu recebi isso dentro de mim. Surtei com minhas neuroses. De nada adiantou. Sofri meus lutos e nada mudou. O segredo, para mim, é continuar voltando às salas e agradecendo, pois durante todos esses anos eu é que estava muito doente. Foram situações na vida pelas quais não precisaria ter passado caso eu tivesse conhecimento do Inventário Moral.
Já faria toda a diferença. Creio que o Poder Superior agiu no momento certo, no meu momento de fraqueza e cansaço. Só tenho que ser grata por um dia de cada vez e por esses 12 passos. Continuarei voltando, pois sou muito corajosa. Marcelle-RJ.
24 hs de Paz e Serenidade