Depoimento: Minhas dificuldades não me dominam mais.

Nasci no inverno, estação em que a natureza se encolhe ante os rigores do frio. Todo ser vivo tenta se adaptar às situações numa lição de vida, com persistência, obedecendo à lei inexorável que visa à perpetuação dessa própria vida. E, como a natureza da época do meu nascimento, eu me tornei frio de sentimentos. Questionador. Persistente. Teimoso. Calado. Rebelde e, ao mesmo tempo, passivo num contraste escondido na roupagem da hipocrisia. Porém, não era uma hipocrisia perigosa aos demais, porque atrás dessa montanha de gelo – que eu sou; se esconde muita carência e dependência de afeto, que trazem consigo o medo. O medo, esse sentimento sempre presente. Medo da vida, medo da morte, medo do sofrimento. Medo de ser feliz disfarçado em um comportamento prudente. Uma necessidade imensa de ser amado, ocultada por mim mesmo; driblada pela frieza que faz emergir a “autossuficiência”, a insociabilidade e a introspecção. O espírito questionador sempre pedindo explicação sobre tudo, como se eu necessitasse de uma explicação do “por que nasci neste mundo conturbado, do qual tenho que fugir pela introversão, em defesa de meu mundo interior, onde reina pouca paz e que está sempre prestes a virar explosão”?
Encontro o N/A e as coisas começam a mudar. Sinto-me melhor. Menos carente, menos dependente, menos frio. Percebo minhas dificuldades, mas elas não me dominam mais. (um N/A de São Paulo)
Sou codependente, porém em recuperação
Descobri-me codependente em uma sala de N/A. Após ouvir o depoimento de uma companheira, assustei-me ao perceber que mantive, por toda a minha vida, relacionamentos possessivos e destrutivos, ao invés de relacionamentos amorosos e construtivos. E, quando me refiro a relacionamentos, estou me referindo a qualquer tipo: seja com os meus parentes, amigos, colegas de trabalho e, principalmente, namorados e companheiro.
Percebi-me senhora de uma baixíssima auto-estima, pois somente quem traz em si um desvalor pessoal tão intenso é capaz de suportar os abusos emocionais que suportei, por medo de dizer “não” e consequentemente, por medo de perder o “amor” e a admiração da parte do outro.
A Irmandade de Neuróticos Anônimos, com o seu Programa de Recuperação, vem me auxiliando a enfrentar esse defeito de caráter (padrão de comportamento) e, uma vez identificadas as atitudes doentias próprias da codependência, já consigo evitar muitos problemas e evitar novos danos pessoais. Tenho tentado não ter medo de dizer o que penso e o que quero, e tenho obtido sucesso, sem machucar e sem ser machucada. É maravilhoso poder dizer “não” quando ele se faz necessário. É maravilhoso conseguir me valorizar e desejar somente pessoas sadias ao meu redor. Obrigada a todos vocês, pela troca de experiência. 24 hs de Paz e Serenidade.