Atadura Emocional

O codependente vive em função de uma pessoa problemática, não importando o problema que o dependente traga consigo. O que importa enfatizar é que o codependente necessita tutelar a pessoa problemática, fazendo desta “tutela obsessiva” a razão de sua vida, já que só se sente útil e com algum objetivo na vida quando está diante do dependente e de seus problemas. Os codependentes são, na maior parte dos casos, pais ou cônjuges que vivem em função da pessoa dependente, assumindo e responsabilizando-se por todos os comportamentos-problema desta e preocupando-se excessivamente por seu bem estar. O codependente não percebe que ao cuidar excessivamente do outro, ocorre um processo de auto-anulação. À medida que a pessoa codependente abandona suas necessidades e objetivos ao longo da vida, ela entra num processo de abandono de si mesma e de autodestruição – seus objetivos e necessidades acabam sendo esquecidos por ele mesmo. Como esse padrão ocorre a longo prazo, normalmente durante vários anos, resulta em muitas perdas – perda do tempo que deveria ter sido investido em si mesmo, em seu lazer, em projetos pessoais, perda de relações que poderiam ter sido saudáveis, perda da esperança em resolver o problema do outro. Isso tudo pode desencadear alguns danos para a saúde da pessoa, seja no aspecto físico através de doenças psicossomáticas ou no campo psicológico – normalmente os codependentes apresentam quadros depressivos ou ansiosos acentuados.
Depender tanto assim de outra pessoa compromete o relacionamento com as demais pessoas e, em pouco tempo, o codependente começa a achar que ninguém apóia, como ele, a pessoa problema, sendo ambos incompreendidos, etc.
O codependente almeja ser, realmente, o salvador, protetor ou consertador da outra pessoa, mesmo que para isso ele esteja comprovadamente prejudicando e agravando o problema do dependente. O problema do codependente é muito mais dele próprio do que da pessoa problemática e, normalmente, a nobre função do codependente depende da capacidade de ajudar ou salvar a outra pessoa, que sempre é transformada em vítima e não responsável pelos próprios problemas. A codependência se manifesta de duas maneiras:
a) intrometimento em todas as coisas da pessoa problema, incluindo horário de tomar banho, alimentação, vestuário, enfim, tudo o que diz respeito à vida do outro; b) tomando para si as responsabilidades da outra pessoa, o que resulta num comportamento mais irresponsável ainda por parte da pessoa problemática.
A conduta codependente é uma resposta doentia ao comportamento da pessoa problemática e se converte em um fator chave na evolução da dependência, isto é: a co-dependência promove o agravamento da situação da pessoa problemática, processo chamado de facilitação. Mas, os codependentes não se dão conta de que estão facilitando o agravamento do problema, em parte pela negação e em parte porque estão convencidos de que sua conduta está justificada, uma vez que estão “ajudando” o dependente a não se deterior ainda mais e que a família não se desintegre.