A escrita e a solidão

Escrever é responder a solidão. Por outro lado, escrever é muito mais do que isso.

Quem escreve transmite para folha a sua frente muito daquilo que vive, expõe novas visões sobre velhos assuntos, podendo relatar sobre diversos temas, por vezes nos tirando do caos de cada dia permitindo momentos de plena liberdade textual.

Lendo uma matéria de como são os escritórios dos notórios escritores como Ferreira Gullar, Jorge Amado, João Ubaldo Ribeiro e outros mais, gosto de saber onde meus mestres passam as horas escrevendo e reescrevendo seus textos. Para mim o local onde escrevo é importante, preciso estar sozinho, com todas as atenções voltadas para o que estou fazendo, escolho uma hora calma onde o silêncio é o som ambiente.

O único momento em que aprecio a solidão é a hora da escrita.

Nos demais gosto da multidão….

Sempre fui de observar o movimento das coisas, as pessoas nas calçadas, a cidade iluminada com seus avisos luminosos. Nos shoppings observo diversos grupos, pessoas que nem conheço mas frequentamos os  mesmos lugares  que nós, e que provavelmente compartilham dos mesmos gostos, tem as mesmas ideias, lêem das mesmas fontes. Gostaria de acreditar que sejam pessoas bem humoradas e felizes. Sempre fico a pensar o que elas estão pensando naquele momento… Não é curioso? Querer saber o que os outros pensam? Não seria mais fácil para a convivência geral? E mais, saber o que elas pensam sobre nós?

Acredito não ser o único a ter esta estranha maneira de agir.

Me lembro na segunda ou terceira série do fundamental, a professora leu para a classe uma crônica, e o que mais me fascinou neste gênero foi o fato de que ele trata de temas cotidianos, rotineiros, e muitos escritores tiram proveito destes temas, fazendo verdadeiras obras de arte.

Estas indagações, estranhamentos e curiosidades desenvolveu em mim  um fascínio imaginário pelas pessoas e pelas situações casuais que observo e convivo, me levando a escrever.