Cheguei à sala de AE pela dor, mais uma vez o álcool invadia minha vida para fazer um grande estrago, antes era só meu pai agora também meu marido, eu estava totalmente perdida, parecia que o mundo tinha caído em minhas costas.
Precisava mesmo de um milagre, uma solução mágica, ou uma receita, qualquer coisa que fizesse meu marido parar de beber e voltar a ter a responsabilidade de homem da casa.
Foi em busca de mudar meu marido que assisti minha primeira reunião, me assustei muito, quando me disseram que eu não poderia mudar a ninguém, apenas eu mesma, que meu marido estava doente, tinha uma doença chamada adicção, doença esta incurável, fatal, hereditária e progressiva e o pior eu também estava doente, que minha doença era tão grave quanto a dele eu era uma co-dependente, mas fiquei sabendo também que tanto a minha doença quanto a dele apesar de ser incurável podia ser estacionada, mas era preciso dar o primeiro passo, era preciso querer uma qualidade de vida melhor.
Claro que eu não poderia dar o primeiro passo por ele, apenas por mim mesma, decidi conhecer minha doença, o co-dependente é aquele que quer controlar tudo e todos, vive sua vida em função do outro, só fica feliz se o outro estiver também, é aquele que sofre por antecedência, e perde noites de sono, conhece todo mundo, menos a si próprio.
Percebi que de fato não seria uma tarefa fácil, mas eu não estava sozinha, tinha ali um grupo de pessoas que também sofriam com a mesma dor que a minha e que eles seriam meu grande apoio naquele momento de transformação.
Descobrir a mim mesma, foi lindo demais, entendi que o mundo não era cinza, mas colorido, que eu era um ser único esculpido por Deus e que podia ser feliz e ainda escrever minha própria história.
